segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A FACULDADE ANHANGUERA E O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Por José Elias Feliciano
Aluno do 8º Semestre de Direito da Faculdade Anhanguera de Jundiaí 

O mês da Consciência Negra permite mostrar um “grão de areia” da história do negro no Brasil. Nesse mês, se parássemos um pouco a vida corrida que levamos e pensássemos na situação de vida do negro no país, desde que chegou nos anos de 1501 até os dias de hoje, veríamos que a saga de uma etnia que formou e moldou a nossa nação pode servir de fonte de inspiração para filmes com enredo, tema, aventura, desventura, amor, paixão e ódio que superariam em emoção, quaisquer outros filmes, sejam eles filmes americanos, franceses, ou vindos de qualquer outra parte de nosso planeta.

A saga da população negra passa por lutas e lutas para sobreviver, lutas para se reconhecer, lutas que não foram muitas vezes iniciadas pelos negros, mas as quais foram chamados a defender, a atacar um inimigo que não era o seu... e seguem lutas, suas e as que não são suas. Sem reconhecimento, sem descanso, sem honra, sem Direitos. Direito  ?  ?  ?   ?  ?  ?  ?  ?  ?  ?  ?

De Direito, o mínimo de conhecimento, sensatez e temos muito a reconhecer a Dignidade dessa etnia-racial-negra. Nessa verificação da consciência poderíamos ver o quanto há a ser honrado, pela herança material e imaterial, porém acima de tudo pelo legado do que usufruímos hoje, uns mais, outros menos, porém todos usufruem do trabalho, do suor, do sangue e lágrimas de uma etnia, que a despeito de tudo o que construiu, teve como paga “não sujem os nossos quintais”. 

Não cabe nesse texto mencionar o modo como foram trazidos os negros, mas sim como se adaptaram (forçosamente) e das trocas culturais ocorridas por vários séculos durante o período colonial brasileiro e que contribuíram para a formação de uma cultura híbrida e bastante rica.Nesse tema bem destaca Gilberto Freire (2001, pag.343- Casa Grande e Senzala) “Quantas mães-pretas (amas de leite), cozinheiras influenciaram crianças e adultos , no campo e nas áreas urbanas, com suas histórias, memórias, práticas religiosas, hábitos e conhecimentos técnicos. Medos, verdades, cuidados, forma de organização social e sentimentos, senso, valores culturais, indumentárias e linguagem, tudo isso conformou-se no contato cotidiano desenvolvido entre brancos, negros, indígenas e mestiços na Colônia”.

O reconhecimento que se espera é contar somente a verdade para o povo brasileiro para que tenhamos espelhos e exemplos de mentes prodigiosas e atitudes humanitárias que influenciaram positivamente a cultura geral e dizer a nossas crianças que elas também podem chegar lá, tendo como ícones grandes personagens que mudaram e fizeram a história como Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e outros, bem como também cabe colocar o francês Alexandre Dumas (O Conde de Monte Cristo, Os três Mosqueteiros), os brasileiros Machado de Assis (fundador da Academia Brasileira de Letras com Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Esaú e Jacó, etc.) e Lima Barreto (O homem que sabia javanês, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Clara dos Anjos, etc.) e o americano James Baldwin (ícone na luta pelos Direitos Civis no inicio da década de 60) e que apesar de escrever e estudar sobre as correspondências entre medos sexuais e raciais, Baldwin era basicamente um puritano que professava a primazia do autoconhecimento em todas as relações humanas.

O homem sendo ser racional e social tem a socialização com todos os outros seres humanos, dando a quem tem dificuldades para lá chegar, condições para que o mesmo alcance seu objetivo respeitando o modo como cada um tem seu particular de aspirar, pois somente quem tem passado e um passado glorioso(como é o caso da etnia negra), sabe e já viveu, pode falar de futuro. E almejar o “sonho” como queria Martin Luther King Jr.

Nesse mês da Consciência Negra, o que objetivamos, como bem coloca James Baldwin é a primazia do autoconhecimento em todas as relações humanas, e para isso se faz necessário se despir de toda hipocrisia, preconceito, ignorância e que por extrema vaidade, leva alguém a achar ser superior a outro ser humano. Não esperamos nada além de humanização das relações sociais. Essa humanização passa pelo caminho de dar respeito ao povo que construiu esse País. E nada mais justo que lembrar o símbolo dessa resistência na luta pela humanização Zumbi dos Palmares.   


Um comentário: